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"Temos, no conjunto, a melhor bancada do Senado Federal"

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), avalia que 2009 será um ano de dificuldades na economia, terminando um ciclo positivo. Também será a "hora da verdade" para o governo do PT, que preferiu ampliar perigosamente os gastos correntes em tempos de recordes de arrecadação fiscal. Nesta entrevista ao "Diário Tucano", o tucano aponta a irresponsabilidade do Planalto de atribuir seus erros a governos passados. E, ao fazer o balanço de 2008, o senador, que acaba de ser reconduzido pela sétima vez ao cargo de líder, elogiou a atuação de cada um dos colegas tucanos.

 

Como o senhor avalia o desempenho da bancada tucana no Senado em 2008?

Muito bom. Sem nenhuma falsa modéstia, posso dizer, na condição de líder, que temos, no conjunto, a melhor bancada da Casa. Como o nosso grupo de senadores é qualificado, tivemos importante papel em diversos debates e votações no Senado. Predominou o espírito de equilíbrio e vigilância em relação à ética, de uma oposição responsável ao governo do presidente Lula e nunca uma oposição ao Brasil. Nossa atuação tem sido vital em momentos históricos, como exatamente há um ano, na derrubada da CPMF. Outro papel decisivo, até onde pudemos influenciar, foi o da rejeição de uma medida provisória espúria, que anistiava gregos e troianos [entidades filantrópicas indignas do título]. Mas também ajudamos a aprovar projetos que serviram para o governo tocar a economia. Por isso, fechamos o ano com a consciência tranqüila.

 

O PSDB pode, então, se orgulhar desse time...

Orgulhosos de termos um Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB e um líder pacificador; o preparo técnico e político de Tasso Jereissati (CE), que sempre atento e correto consegue importantes mudanças em matérias de economia; uma Marisa Serrano (MS), que se notabilizou por sua bonita participação na luta pela ética e pela educação; a experiência em política social da ex-ministra Lúcia Vânia (GO); e do ex-governador Marconi Perillo (GO), que ressuscitou a importante comissão de infra-estrutura; a competência de Alvaro Dias (PR), que se destaca no plenário como um dos mais combativos opositores do governo; umMário Couto (PA), líder da Minoria e de valor imenso pela sua coragem; a presença constante nos embates e debates nas comissões e no plenário de Flexa Ribeiro (PA); o conhecimento de João Tenório (AL) em agronegócios e políticas de desenvolvimento no Nordeste; o grande articulador Papaléo Paes (AP) e as experiências do grande vice-líderCícero Lucena (PB), figura tarimbada e vice-líder da maior valia, e do ex-governadorEduardo Azeredo (MG).

 

Como o senhor, que é diplomata de carreira, avalia a atual política externa do Brasil?

Tem algumas qualidades, entre as quais ter expandido relacionamentos do Brasil pelo mundo, dando continuidade ao esforço iniciado pelo governo FHC. Mas também tem defeitos graves, como, por exemplo, a excessiva benevolência com que trata certos vizinhos do país. Evo Morales, presidente da Bolívia, fez, aconteceu e ficou por isso mesmo. Agora Fernando Lugo, presidente recém-eleito do Paraguai, também acha que pode fazer e acontecer, ameaçando dar calote no Brasil, seguro de que vai ficar por isso mesmo também. O governo brasileiro teve também excessiva benevolência com o venezuelano Hugo Chávez, da Venezuela, pois jamais deveria compactuar com qualquer arranhão na democracia. Também não deveria aceitar as agressões aos direitos humanos, como a morte em rito sumário em Cuba. Na verdade, o Brasil deveria ter sido sempre o grande conselheiro, o grande líder, o grande ponto de equilíbrio.


As medidas provisórias são só um dos pontos de desequilíbrio entre Executivo e Legislativo?

Sim, mas é porque o presidente abusa. Não sou contra a medida provisória, mas sim contra o abuso na edição delas, que se tornaram opressão e humilhação para o Congresso Nacional. O país pára porque não se faz outra coisa senão votar medidas provisórias. As MPs não deixam espaço para se debater outros temas relevantes.


O que o senhor achou do pt culpar o governo FHC pela crise que começa a se abater no país, apesar de estar há seis anos no poder?

Os tucanos deixaram uma herança que, somada à bonança internacional e alguns méritos do primeiro governo do presidente Lula, resultaram em um período bom para o país em quase seis anos. Mas esse tempo acabou e daqui pra frente será de dureza. Apesar disso, não há algo diferente a esperar do comportamento do governo petista diante da situação. Se o PT agisse com equilíbrio, aí sim seria uma boa surpresa. Mas o Brasil vai acabar sofrendo por esses atitudes porque o PT não tem uma ética de responsabilidade. Sua falsa ética é a de transferir as responsabilidades, de fugir do confronto com a história.


A expansão dos gastos públicos nos últimos anos, acima do PIB, vai dificultar o governo a enfrentar a crise internacional?

Exatamente. Todas as medidas que o governo tomar agora serão meramente cosméticas. A expansão dos gastos correntes acima do Produto Interno Bruto (PIB) vai chegar de forma drástica. E esse encontro com a verdade deve ser uma crise fiscal plantada há muito tempo. A irresponsabilidade fiscal diante de uma provável queda na arrecadação de impostos tende a ficar evidente, apesar de eu não querer nada de mau para o povo brasileiro.


Como o senhor avalia a execução do PAC?

Analiso com tristeza, porque o Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal, não está sendo executado a rigor nem como gostaríamos. A pior performance é o Dnit [Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes], a pior face do PAC, um verdadeiro fiasco. Não está havendo investimento em infra-estrutura, pois o governo só sabe gastar em custeio. O PAC é uma grande peça de marketing, mas muito pouco como obra de governo.

 

Líder, gostaria de deixar uma mensagem de ano novo aos brasileiros?

Desejo ano bom. Desejo ao presidente Lula mais sobriedade, mais responsabilidade e menos falatório. Ele finge que não tem crise. Resiste em anunciar uma ampliação do seguro-desemprego porque não quer que percebamos a perspectiva de mais desempregados. Por isso, recomendo ao presidente que ele diga a verdade para que o Brasil possa esperar por um ano bom em 2009.

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