Ao relatar nesta sexta-feira, da tribuna do Senado, o caso de uma menina de 12 anos que teria sido estuprada pelo prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro, o líder tucano Arthur Virgílio (AM) emocionou-se a ponto de ter de interromper o discurso. O tucano criticava a justificativa de que o pai teria levado a menina para o prefeito quando parou o pronunciamento e deixou a tribuna.
Minutos depois, pediu um aparte ao senador Mão Santa (PMDB-PI) e anunciou que pedirá a convocação, na CPI da Pedofilia, do prefeito Adail para explicar os fatos. Virgílio também quer a vinda do pai da menina e do superintendente local da Polícia Federal, Sérgio Fontes.
O líder do PSDB disse que sabia do fato há alguns dias, mas não quis se antecipar aos jornais. "O prefeito de Coari, apadrinhado do governador, é acusado de ter estuprado essa menina. O caso está na Polícia Federal, muito bem dirigida por Fontes no Amazonas. Já houve debate na Assembléia Legislativa, envolvendo os deputados Luiz Castro e Vera Castelo Branco, condenando a atitude do prefeito", enumerou.
Prosseguindo, disse que helicópteros e aviões voam "para lá e para cá" levando meninas, na maioria menores, ligadas a Megamodels. Um dos sócios desta agência foi preso e talvez se transforme em testemunha protegida para fins de redução da pena.
"O fato é que meninas muito pobres, para deleite de corruptos muito ricos e muito desavergonhados, são levadas de helicóptero para cá e para acolá. E Coari perdendo a oportunidade rara de se desenvolver com a aplicação correta dos royalties petrolíferos. A cidade está sendo dilapidada nas fortunas espúrias e nos gastos absurdos", criticou.
Segundo o senador, durante a Operação Vorax, da Polícia Federal, foram encontrados R$ 10 milhões escondidos num casebre. "E aqui revelo uma estranheza, porque o vice-prefeito, que hoje é prefeito eleito, foi preso, além de secretários daquele município. Mas não sei por que esse prefeito ainda não. Há mistérios que pode ser que a ciência do Direito explique, mas vejo uma ligação dele muito forte com o governador do meu estado, uma ligação esquisita, meio de sócios", reprovou.
O senador lembrou que o governador Eduardo Braga estava desviando para Coari algo em torno de R$ 3,5 milhões mensais, relativos ao ICMS, e que eram devidos ao município do Manaus, como há poucos dias, por unanimidade, o Superior Tribunal de Justiça decidiu. De acordo com o tucano, era dinheiro que Coari não precisava, pois dispõe dos royalties do petróleo.
A respeito desse tema, Virgílio disse estar pedindo intervenção federal no estado para obrigá-lo a cumprir a lei que manda dar publicidade à receita do ICMS. Isso, segundo ele, virou caixa-preta, porque o governo não divulga a receita e os municípios ficam sem saber qual a cota que lhes cabe.
FLORESTA AMAZÔNICA
A floresta amazônica deixará de existir se mais 30% dela forem destruídos. A advertência foi feita hoje pelo líder do PSDB, que citou relatório de cientistas participantes, em Manaus, de conferência sobre "A Amazônia em Perspectiva".
"Está na hora de uma definição. Ou o país adota providências de peso ou vamos ficar sem a floresta amazônica, pois estudo feito, em 2006, pela Universidade Federal de Minas Gerais, concluiu que a Amazônia já perdeu 20% de sua floresta. Nesse ritmo, vai chegar a 50%", alertou.
Para o líder tucano, está acesa a luz amarela como advertência quanto ao futuro da floresta amazônica e da própria Amazônia. "E dessa vez não se está diante de nenhuma dança de números e cifras de órgãos públicos, que, não raro, procuram, se não esconder, dificultar a leitura da verdade em torno da nossa mais estratégica região. A advertência é de cientistas", enfatizou. O senador concluiu pedindo a inscrição, nos anais do Senado, da íntegra do relatório aprovado pela Conferência de cientistas.
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